
Zuzu Angel, de Sergio Rezende (em preto e branco) e Verônica, de Maurício Farias
Apesar de nos últimos dias meu mundinho interior estar pedindo tanta atenção, paciência e, conscientemente, estar a querer mimos, resolvi falar de nossa Pindorama. Isso se deve ao fato de levar um choque elétrico na sexta-feira e 4 tiros a bala agora a pouco - me refiro, respectivamente, aos filmes Zuzu Angel (de Sérgio Rezende) e Verônica (de Maurício Farias), ambos nacionais e, contraditoriamente, não pindorâmicos.
Mas peraí, que história é essa de filmes e de Pindorama? Esqueça os filmes e as reflexões e o adjetivo tão pejorativo ao nosso Brasil... Afinal, pra que isso se hoje nossa pátria ganhou na pelada de novo? Enfatizo - de novo - uhul, VIVA O BRASIL, SALVE A SELEÇÃO. Dentro desse contexto, tão contente com a cervejinha e os golaços, não interpretamos de outra maneira a frase tão ufanista: Viva (viver) o brasil, salve a Seleção (nós). E é brasil assim mesmo, de letra minúscula, fazendo o substantivo ficar comum, tão comum quanto a violência, quanto a vergonha.
Há pequenos 24 anos tornamo-nos democratizados (?). Antes disso, a ditadura militar assolava o Brasil. Assolava, pisava, reprimia, chutava, dava choques, matava, estuprava, escondia, perseguia, fazia derramar lágrimas. Apesar disso tudo, quando fomos democratizados (é, eu não estou brincando, a palavra é essa mesmo)tudo foi esquecido, colocado por debaixo dos panos, "anistisiado" (é, vocês entendem?) e, confesso, fui saber da existência de ditadura militar ano passado. (Meu Deus, na escola tudo é muito lindo, mas quando o amigo aqui abaixo aperta - para prestar um vestibular, até alienada deixo de ser.) E, por arte ou denúncia maior, o filme Zuzu Angel, mexendo com os sentimentos de mães e filhos, faz refletir - baseado em história real - toda essa fase de repressão que nossa Pindorama sofreu e ainda sofre as consequências desse obscurantismo, dessa impunidade. Zuzu perde o filho - que era militante estudantil e contra a ditadura - quando ele foi preso pelo regime, torturado até a morte e dito, pelos nossos comandantes, que ele nunca existira, que a mãe está enganada. Mexeu comigo e deveria mexer com todos que aqui vivem.
Após esse paulaço na cabeça, um pouco de gás nas narinas e choques até a morte, assisti hoje Verônica, também bastante crítico. O engraçado, é que enxergo a mesma coisa - impunidade. O lugar central é o mesmo: Rio de Janeiro, lugar do Cristo, do Pão de Açúcar, de Copacabana e de mulheres bonitas... BRASIL. Depois de tanta repressão há 24 anos atrás pelo governo, hoje indiretamente eles continuam: nossos comandantes e protetores estão contra nós, contra a nação. O tráfico assolando, matando, perseguindo... já não falei disso tudo? E a polícia, muitas vezes, junto, fazendo o mesmo e colocando pra debaixo dos panos. E mais uma vez, não sabemos em quem agarrar e para quem pedir proteção.
Até quando esse pensamento de que Brasil é brasil, é assim mesmo, "que horror!"?
Tá tudo bem, vamos ler, dar uma refletida, "é brabo" mesmo..., mas peraí, peraí... Tá saindo um golaço! Vem cá, nega veia, traz a cerveja OLHA FILHO, OLHA AÍ! ESSE É O MEU BRASIL, MAIS UM GOL! MATOU OS STATES!!!!! QUE BRASILZÃO!!!
VIVA O BRASIL, SALVE A SELEÇÃO!!
2 comentários:
Bem colocadas as tuas reflexões Jéssyca. Me inspira contentamento ao ver que buscas uma maneira de encontrar respostas para tuas próprias descobertas. Continua escrevendo! Beijão.
Opaaaaaaaaaa... bacana. Mas tu é uma colunista de mão cheia. Vai deixar Martha Medeiros no chinelo. Sou mais em destituir o Moacyr Scliar.
Pois é, só o tempo nos dá respostas a uma série de perguntas. É interessante ver como tudo economia, política, religião, ciência, de alguma forma se interligam, se cruzam, e aí consegue-se algumas respostas de Porquês de forma bem simples até. Ao mesmo tempo que o mundo tá perdido, nós pessoas individuais, somos a salvação... é a velha historinha do feicho de junco. Um junco tu quebra, agora um feicho de junco, nem a pau.
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