segunda-feira, 16 de março de 2009

"Minha vida que não me ama
Minha amada que nunca vai me amar...
Seduzo as duas."
Jack Kerouac

Minha frase de suborno. Mas as letras riem de mim. A palavra sedução já nem sabe que eu existo. Não seduzo a minha vida, nem a eu mesmo, quanto mais a outra coisa. Perco o poder perante a vida, minhas mãos são quebradas, como diria Cecília Meireles. Impotência, medo de errar novamente, medo de sofrer, medo de me automutilar. Medo de grandes mudanças, de grandes conquistas e de dar com a cara nos grandes dentes sarcásticos da Vida. Mas no momento ela me olha com desprezo, olha-me com olhar que reprova e corrige a dor. Dor que parece não existir, mas existe. E por mais que eu me esforce para não senti-la, talvez eu precise dela. Além de não subornar a minha existência, eu a traio. Traio com essa angústia que parece me engolir cada vez mais. E eu deixo ela me abraçar, eu a alimento, eu a beijo com pensamentos, eu a uso para minhas palavras fluírem aqui nesse pequeno tablado humano.

Demasiadamente humano, errante, ingrato, passivo - sou aqui neste quarto, com a meia luz ligada e o filme pauseado às 03 horas de uma madrugada perdida como tantas outras. Demasiadamente lírico, pedindo respostas a quem só me dá perguntas, dúvidas. À Vida, à todos.

Quarta-feira o dia amanhecerá e eu novamente estarei repleta de planos e de muito sono por não poder dormir mais. Estarei com a agenda cheia e com o coração apertado, querendo aliviar-se nesse mundo de tantas cores, tanta liberdade e prisão. Meu quarto, meu lar, meu lugar. Meu lugar que não sei mais qual é. Meu teclado de letras separadas que juntando-as formo o mais perdido texto. Mais expressivo e salgado. Lágrimas salgadas... Quando eu era criança gostava de me ver chorando ao espelho, estranho, mas quanto mais eu olhava quando estava triste, mais eu chorava. Hoje tenho medo de olhar e decifrar a mesma Jéssyca de sempre. Olhos vermelhos, boca torta, rosto molhados, cílios dilacerados. Até o meu nariz escorre. Talvez chore pelos mesmos motivos. Pela minha insegurança, pela minha liberdade tão grande e tão pequena. Pelo abandono egoísta de pessoas amadas, por paixões quebradas e pelo tempo que só sabe registrar aqui momentos perdidos, momentos ganhos.

Me perco em meio as palavras, e mais uma vez é um texto sem regras, sem ordem... ao contrário de minha vida. Mais uma vez é um texto que só consigo expelir em momentos como esse. De solidão, de angústia, de dor, de dúvidas e principalmente de certezas ofuscadas...

Ah, hoje não tem imagem. Procure por sedução ou suborno no Google...

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