"Minha vida que não me ama
Minha amada que nunca vai me amar...
Seduzo as duas."
Jack Kerouac
Minha frase de suborno. Mas as letras riem de mim. A palavra sedução já nem sabe que eu existo. Não seduzo a minha vida, nem a eu mesmo, quanto mais a outra coisa. Perco o poder perante a vida, minhas mãos são quebradas, como diria Cecília Meireles. Impotência, medo de errar novamente, medo de sofrer, medo de me automutilar. Medo de grandes mudanças, de grandes conquistas e de dar com a cara nos grandes dentes sarcásticos da Vida. Mas no momento ela me olha com desprezo, olha-me com olhar que reprova e corrige a dor. Dor que parece não existir, mas existe. E por mais que eu me esforce para não senti-la, talvez eu precise dela. Além de não subornar a minha existência, eu a traio. Traio com essa angústia que parece me engolir cada vez mais. E eu deixo ela me abraçar, eu a alimento, eu a beijo com pensamentos, eu a uso para minhas palavras fluírem aqui nesse pequeno tablado humano.
Demasiadamente humano, errante, ingrato, passivo - sou aqui neste quarto, com a meia luz ligada e o filme pauseado às 03 horas de uma madrugada perdida como tantas outras. Demasiadamente lírico, pedindo respostas a quem só me dá perguntas, dúvidas. À Vida, à todos.
Quarta-feira o dia amanhecerá e eu novamente estarei repleta de planos e de muito sono por não poder dormir mais. Estarei com a agenda cheia e com o coração apertado, querendo aliviar-se nesse mundo de tantas cores, tanta liberdade e prisão. Meu quarto, meu lar, meu lugar. Meu lugar que não sei mais qual é. Meu teclado de letras separadas que juntando-as formo o mais perdido texto. Mais expressivo e salgado. Lágrimas salgadas... Quando eu era criança gostava de me ver chorando ao espelho, estranho, mas quanto mais eu olhava quando estava triste, mais eu chorava. Hoje tenho medo de olhar e decifrar a mesma Jéssyca de sempre. Olhos vermelhos, boca torta, rosto molhados, cílios dilacerados. Até o meu nariz escorre. Talvez chore pelos mesmos motivos. Pela minha insegurança, pela minha liberdade tão grande e tão pequena. Pelo abandono egoísta de pessoas amadas, por paixões quebradas e pelo tempo que só sabe registrar aqui momentos perdidos, momentos ganhos.
Me perco em meio as palavras, e mais uma vez é um texto sem regras, sem ordem... ao contrário de minha vida. Mais uma vez é um texto que só consigo expelir em momentos como esse. De solidão, de angústia, de dor, de dúvidas e principalmente de certezas ofuscadas...
Ah, hoje não tem imagem. Procure por sedução ou suborno no Google...
segunda-feira, 16 de março de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário