Metamorfoses

Não sei do que chamar.
Metamorfose, inconstante, descontinuidade...

A noite está quente e relaxante.
Parece noite de verão e é a primeira de muitas que virão.
Uma entre várias que me lembram tantas coisas, uma após tantas frias que houve.
Ao chegar da avó, deparamos com um cãozinho, pequeno e amarelinho.
Ao qual eu e minha irmã chamamos de Mostarda.
Lembrei da infância em que queria todos os cachorrinhos para cuidar, para levar para casa.
-Só hoje, mãe. Amanhã ele vai embora.

E então eram vários dias e noites, vários potinhos de ração barata e uns banhos com tudo que era tipo de sabão.
Queria ser veterinária, queria criar uma ONG mas pra mim era um clube, onde ajudaríamos os cães. Planos, sonhos que não chegavam a ser ideais.

O Mostarda teve que ir embora e eu fui largar ele longe pra não voltar...
Larguei umas duas ruas daqui e voltei correndo pra ele não achar o caminho.
Quando eu voltava e sentia o vento da noite me veio todas essas lembranças do passado e percebo que os sonhos hoje são quase planos. E eles já são diferentes. Planos que acarretam obrigações e já vem o pensamento se iremos ganhar bem, aí tem que fundir os dois. O sonho e o dinheiro...
Nos sonhos da infância nada era impossível, tudo era tão fácil. Só imaginava e tinha certeza que seria assim no futuro.

Mas é bom lembrar. Despertar esse resquício de tranquilidade e otimismo que um dia foi repleto.
Pra não entrar nessa selva de competição e desperto pra realidade...