Medo

Manhã um pouco quente e ela insistia para que eu fizesse tudo, porque se não "eu seria sempre assim, sem conseguir nada". Era o que eu entendia perfeitamente...

Outra manhã. Estava alegre mas aqueles momentos me chatevam, frustravam.

"Como não vais fazer? E a tua nota?"

Ela achava que a nota era tudo, que todos sem exceção tinham que fazer, e mais uma vez eu me sentia a sola do sapato. Um pouco fracassada, talvez.

O fato é que ela sempre pressionava, e falava coisas que me deixavam mais pressionada ainda. Me subia a tensão entre TER de fazer e QUERER conseguir. Ela pressionava e eu ficava pra explodir, resultando em nada do que foi proposto ser concluído sossegado e vitoriosamente.

Ela achava que eu tinha que jogar todos os jogos enquanto eu me achava o ó do boroga de não jogar, de não concluir, de colocar os bofes pra fora ao correr.

Ela achava-se superior e eu nem tinha respeito mais disso, eu tinha é medo. Medo do que teria a ser feito no dia. E com as críticas da senhoria o meu medo aumentava, ela disse que eu emagreceria se eu fizesseas coisas. Filha da puta, mais uma pra aumentar esse pensamento.

Já tinha medo de errar, e até hoje eu não sei se sou boa de verdade nessas coisas todas, pq eu sempre restringi os meus passos para não errar.

Assistindo ao filme Dirty Dancing - Noites em Havana, me veio reflexão sobre o medo.

A garota do filme tinha o desejo de ousar, de "acertar" mas tinha medo dos passos na dança.

Nos passos ousados ela restringia e não queria fazê-los.

O fato é que ela assumiu o medo e entregou-se, não deixou que falassem se houvesse erro e ousou mais. "Dance o que você quer ser", é o que dizia o seu par. E a dança me deu arrepios ao ver, me deu vontade de dançar.

Talvez então a idéia é libertar-se.

Tá aí.

Naqueles tempos eu queria jogar bem, e talvez se eu fosse mais ousada e não tivesse medo de errar eu tivesse jogado.

Mas era mesmo o que eu queria?

Talvez eu seja assim, esse é o meu jeito e esse medo "inquebrável" faça parte de mim mesma, por algum motivo ou por outro.

Talvez a ousadia fosse além e fosse encaixável... Nada mais ou menos é forte o bastante pra nos encher de adrenalina. Tinha que haver ousadia.

A idéia desse assunto, também surgiu porque ando com medo (é, talvez medo) de me expressar aqui. Parece que tenho que sugar gotas de palavras dentro de mim e juntá-las de forma coerente e sensível. E isso anda tão difícil...

"Dance o que você quer ser".

Ouse o que você quer ser...